O governo federal anunciou em 1º de julho de 2025, no Palácio do Planalto, o Plano Safra 2025/2026, batizado de ?Força para o Brasil crescer?. O programa prevê R$ 516,2 bilhões em recursos para o crédito rural, um valor recorde que representa acréscimo de R$ 8 bilhões em relação ao ciclo anterior. Do total, R$ 414,7 bilhões serão destinados a custeio e comercialização e outros R$ 101,5 bilhões a investimentos, com foco em infraestrutura, modernização e sustentabilidade no campo.
Os médios produtores, apoiados pelo Pronamp, terão acesso a R$ 69,18 bilhões com juros e prazos diferenciados. Já a agricultura familiar, por meio do Pronaf, contará com um crédito histórico de R$ 78,2 bilhões, somando R$ 89 bilhões quando incluídas as políticas de apoio, como seguro agrícola, compras públicas, assistência técnica e garantia de preços mínimos, superando os R$ 85,7 bilhões do ciclo anterior.
Entre as novidades, o plano reforça a exigência do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para maior segurança nas operações de crédito. Também flexibiliza o custeio de insumos adquiridos com até 180 dias de antecedência e amplia o financiamento para sementes e mudas, incluindo espécies nativas e de cobertura do solo, como incentivo à conservação ambiental. Linhas tradicionais como Moderagro e Inovagro foram unificadas, simplificando o acesso ao crédito para modernização, enquanto o RenovAgro Ambiental passou a contemplar ações contra incêndios e recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e reservas legais. O Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) duplicou sua capacidade, elevando o limite de 6 mil para 12 mil toneladas por empreendimento, o que deve facilitar o escoamento da produção.
O BNDES também terá papel estratégico, disponibilizando R$ 70 bilhões, o maior volume já concedido ao setor agropecuário, com destaque para os R$ 13,4 bilhões voltados à agricultura familiar, em especial nas regiões Norte e Nordeste. Já o Banco do Brasil deverá oferecer R$ 230 bilhões, dos quais R$ 106 bilhões serão direcionados à agricultura empresarial e R$ 54 bilhões à agricultura familiar e médios produtores. Até 23 de julho, o BB já havia desembolsado R$ 6,2 bilhões.
Apesar dos números expressivos, o setor produtivo tem apresentado ressalvas. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) aponta que a inclusão de R$ 185 bilhões em CPRs (Cédulas de Produto Rural) no total anunciado pode inflar os resultados, já que esses títulos não correspondem a recursos públicos diretos. Outro ponto de atenção são as taxas de juros, que subiram em várias linhas: o Pronamp passou de 8% para 10% ao ano, o Moderfrota saltou de 8,5% para 13,5% e o custeio geral foi de 12% para 14%. Com a Selic em 15%, os custos financeiros adicionais para os produtores podem chegar a R$ 58 bilhões. Além disso, a subvenção ao crédito rural caiu 17,5%, passando de R$ 16,3 bilhões em 2024 para R$ 13,5 bilhões em 2025.
Para cooperativas como a Coamig, o Plano Safra 2025/2026 representa tanto oportunidades quanto desafios. O volume expressivo de recursos direcionados à agricultura familiar e média abre espaço para que produtores cooperados tenham acesso a linhas de crédito específicas, enquanto os incentivos à sustentabilidade reforçam a importância de práticas de conservação ambiental. Ao mesmo tempo, a elevação dos juros e a redução das subvenções exigem atenção redobrada dos produtores em relação ao planejamento financeiro e ao uso estratégico do crédito.
Assim, o Plano Safra deste ciclo reforça o peso do agronegócio na economia nacional, mas também deixa claro que o acesso ao crédito não será simples. O cenário aponta para a necessidade de organização e informação por parte dos produtores, em um contexto no qual cooperativas como a Coamig seguem desempenhando papel essencial no fortalecimento da agricultura regional.