O controle de plantas daninhas para evitar infestações nas culturas de inverno é uma tarefa fundamental e exige atenção e conhecimento do produtor rural a cada novo ciclo.
Mas afinal, o que é planta daninha?
É qualquer vegetal que cresce de forma indesejada em determinada área, causando prejuízos econômicos. Quando as plantas daninhas competem com a cultura comercial por água, luz, nutrientes e solo, ocorre a matocompetição. Portanto, o manejo correto dessas plantas com o uso de herbicidas pode reduzir a interferência, especialmente no início do ciclo da cultura, período que é responsável pelas maiores perdas.
Algumas plantas daninhas podem se desenvolver nas pastagens de inverno após a colheita das culturas de verão. Este é o momento ideal para fazer um controle inicial e evitar que a pastagem inicie o ciclo com matocompetição.
Independentemente do manejo, o uso dos herbicidas deve seguir as recomendações para a cultura e para a planta daninha, considerando o estágio de desenvolvimento em que se encontra, época de aplicação, dose e se a planta possui resistência a algum princípio ativo. Segundo o site weedscience.org, o Brasil possui 54 plantas daninhas com resistência registrada.
Algumas dessas plantas são de difícil controle pela restrição de princípios ativos eficientes. São exemplos a buva (verão) e o azevém (inverno), que, caso não sejam controladas corretamente, podem infestar as plantações, causando sérias consequências à produção e à produtividade.
No inverno, a planta daninha de ocorrência predominante em campos de aveia e azevém e que mais afeta a produção é a nabiça (também conhecida por nabo, porém diferente do nabo forrageiro). É facilmente controlada com 2,4-D ou com metsulfuron-metílico (consultar os nomes comerciais disponíveis na Coamig). Ainda assim, é fundamental realizar o controle, para evitar a perda de alimento para os animais.
Mesmo que muitas plantas daninhas do inverno não sejam de tão difícil controle, é essencial que o manejo seja feito com atenção, pois podem derrubar consideravelmente a produtividade. O inverno é o período do ano em que os produtores de leite mais ganham dinheiro, pois é mais confortável para as vacas, há abundância de pasto e o preço do leite costuma apresentar altas. Sendo assim, é fundamental aproveitar ao máximo o que está no campo.
Outro ponto importante é que muitos produtores estão começando a investir em materiais melhorados e fertilizantes, que estão cada vez mais caros. Portanto, perder produtividade por causa de plantas daninhas é inaceitável ? especialmente considerando que há herbicidas acessíveis e eficazes no mercado. Não controlar essas plantas é um erro que custa caro.
Principais plantas daninhas:
Buva-Pode produzir mais de 200 mil sementes por planta em um ciclo. É dispersa pelo vento e atualmente ocupa boa parte do território brasileiro. Foi a primeira planta com registro de resistência ao glifosato. Prejudica principalmente as culturas de soja e feijão. Considerada uma ?folha larga?, está levando empresas a investirem em novas moléculas para controle. Hoje, há possibilidade de controle eficiente no pré-plantio da soja, com combinação de ativos que permitem a emergência da cultura sem a presença da buva.
Amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla)-Também conhecido como leiteiro ou café-do-diabo, é de difícil controle, especialmente na soja. Requer combinação de ativos para um controle mais eficiente. Também considerada uma ?folha larga?, exige consulta técnica antes da semeadura da soja.
Cravorana-Na região de Guarapuava, está amplamente disseminada. Com caule ereto e espesso, tem alta capacidade de sobrevivência. O controle se torna difícil quando a planta adquire porte grande e caule lenhoso. A alta capacidade de rebrota também desafia o manejo com herbicidas. Deve-se buscar seu controle nos estágios iniciais e seguir orientação técnica quanto aos ativos e ao manejo sequencial. Apesar de não ocorrer no inverno, pode se desenvolver antes da abertura do calendário de plantio da soja, sendo necessário agir rapidamente.
Caruru-Planta daninha resistente ao glifosato, recentemente identificada, que tem causado transtornos em áreas de soja e feijão. Os ativos disponíveis geralmente têm custo mais elevado, e sua eficiência depende do manejo na pré-semeadura. Está sendo monitorada em sementes de pastagem e também pode ser disseminada via maquinário terceirizado. Considerada uma ?folha larga?.
Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)-Embora mais comum no verão, pode aparecer em áreas de inverno, especialmente em regiões de clima ameno. Compete fortemente por espaço e nutrientes. No inverno, torna-se um problema por ser uma espécie de ?folha estreita? em meio a pastagens do mesmo tipo. Não há herbicidas seletivos comerciais eficazes para esse controle em pastagens.
Capim-amargoso-Principal gramínea de preocupação para sojicultores. Apesar do uso de cletodim, a planta tem desenvolvido resistência, dificultando o controle. O ativo haloxifope tem se mostrado mais eficiente, com controle mais lento, mas não depende de umidade para sua eficácia.
O manejo integrado das plantas daninhas deve envolver estratégias combinadas: uso correto de herbicidas, práticas culturais como rotação de culturas e cobertura do solo, além do monitoramento constante das áreas.
O controle nos estágios iniciais das plantas daninhas é essencial, já que intervenções tardias tendem a ser menos eficazes e mais caras.
Por fim, o produtor rural deve buscar orientação técnica qualificada, seguir as recomendações dos fabricantes de herbicidas e considerar os dados regionais de resistência, garantindo assim um manejo eficiente e sustentável das lavouras de inverno.