As recorrentes chuvas acometeram todos os municípios onde a COAMIG atua. Com o atraso dos plantios da safra de verão 2022/2023, o cultivo de segunda safra (safrinha) foi adiado, sendo colocado em possibilidade a realização de um segundo plantio.
Apesar de estar localizada em uma região onde, via de regra, não se cultiva safrinha, a COAMIG abrange municípios onde tal cultivo é possível. Sendo assim, são válidas orientações acerca da implantação e do manejo dessas culturas, principalmente em relação a milho para silagem.
É importante que os produtores considerem que o investimento deve ser semelhante ao da safra, mesmo que a produtividade não seja equiparada à primeira. Isso se deve porque quanto mais próximo do outono, menos favorável é o cultivo das culturas de verão, de modo que, considerando esse fator, quanto menor for o fornecimento dos insumos para a planta, menos condições de expressar seu potencial produtivo.
Como exemplo de que o investimento é importante, podemos citar os cultivos realizados na região centro-oeste do país, onde o termo “safrinha” já não é mais cabível devido a segunda safra apresentar produtividades semelhantes às da safra, sendo considerada primeira e segunda. Mesmo sendo regiões e condições climáticas totalmente diferentes à nossa realidade, fica claro que os produtores entendem a necessidade de oferecer às plantas as condições necessárias para expressar a produtividade esperada.
Dessa forma, é importante que o produtor utilize fertilizantes com formulações que forneçam quantidades maiores de fósforo na base e que não poupe a adubação de cobertura com uréia. Apesar do ano estar sinalizando chuvas regulares, precisa-se considerar um possível cenário de seca nas principais fases da cultura do milho, onde recomenda-se o uso de fertilizantes revestidos para o produtor não ficar refém da umidade para realizar a aplicação e deixar passar os momentos que a planta mais necessita de nitrogênio, principalmente o momento primordial em que está definindo produção, entre V4 e V6 para o milho.
Para a implantação, o produtor deve realizar a dessecação pré-plantio de eficiência para controlar as plantas daninhas presentes na área, principalmente as que apresentam resistência a glifosato como buva, cravorana, capim-amargoso, entre outras que antes não eram problema quanto a esse princípio ativo - mas que passaram a ser desafio quanto ao seu controle. A matocompetição é uma das responsáveis pela perda considerável de produtividade das culturas, principalmente na fase inicial de desenvolvimento. É importante que a cultura “saia no limpo”.
Na dessecação pré-plantio o produtor deve atentar-se para a aplicação de inseticida a fim de evitar insetos que comprometem as fases iniciais de desenvolvimento e também para a aplicação preventiva para cigarrinha-do-milho já na fase de “palito”, momento em que, por exemplo, o controle de percevejos é fundamental. Além da cigarrinha-do-milho, tripes passou a ser um problema considerável nas lavouras de milho, de modo que as aplicações preventivas são ainda mais importantes. O produtor deve intercalar produtos, rotacionando moléculas, e utilizar não apenas produtos de contato. A utilização de inseticidas sistêmicos é importante devido ao residual que auxilia positivamente no controle.
O cultivo de segunda safra exige ainda mais atenção dos produtores em relação à cigarrinha-do-milho. O inseto causa danos em todas as fases, mas sua alimentação é mais facilitada em plantas mais jovens por conta do tecido mais tenro. À medida que as lavouras em final de ciclo vão sendo colhidas, a tendência das populações não controladas é migrar para lavouras mais novas. E vale relembrar: mesmo para os híbridos de maior tolerância e aplicações sequenciais de inseticidas, em condição de alta pressão de cigarrinha-do-milho as perdas são reais e significativas.
A COAMIG também recomenda que os produtores considerem a utilização de fungicida para proteger a área foliar. Apesar de não ser uma prática comum, a perda de área foliar fotossinteticamente ativa reflete diretamente na produtividade e as condições climáticas têm favorecido a ocorrência de manchas.
Para o manejo de plantas daninhas, os produtores devem avaliar sua área para verificar se o glifosato é realmente a única alternativa para sua lavoura. Muitas vezes o produtor utiliza o produto pela comodidade que os híbridos oferecem, porém, seleciona cada vez mais as plantas daninhas resistentes a glifosato. Em muitas áreas, recomenda-se a utilização de atrazina, mas o principal é que o produtor não deixe as plantas daninhas atingirem o ponto de difícil controle, de modo que quanto mais nova estiver a planta daninha, mais fácil será combatê-la. É preciso ter em mente que existem, atualmente, muitos produtos disponíveis e de qualidade para auxiliar o produtor, mas a eficiência de qualquer herbicida depende, também, do estágio que a planta daninha se encontra e a superdose não é a solução para esses casos.
Aos produtores que não puderem realizar o cultivo de milho, a COAMIG já dispõe de materiais de inverno que podem ser implantados a partir da segunda quinzena de fevereiro, com ciclo ultra longo e produtividade assegurada para pastejo, fenação e pré secagem. Materiais de aveia branca como ‘IPR Suprema’ e ‘AF1340’ Ucraniana têm trazido aos produtores mais segurança durante o inverno quanto ao número de pastejos, qualidade nutricional, maior tolerância à seca e geadas e respostas notáveis na produção de leite e de carne. Importante atentar para a adubação de base desses materiais, pois os materiais melhorados são mais exigentes ao passo que que são altamente produtivos e responsivos. O mesmo vale para a adubação de cobertura, justamente pensando na resposta desses materiais, uma vez que o ciclo e a quantidade de cortes que o material possibilita depende do investimento que o produtor realiza.
Materiais de aveia branca e amarela também são mais sensíveis à doenças foliares quando comparados à aveia preta, portanto, recomenda-se que o produtor faça, ao menos, uma aplicação de fungicida preventiva. Outros materiais estarão disponíveis aos produtores para o inverno 2023 e a COAMIG orienta que os produtores passem a olhar para as culturas de inverno pelo menos prisma que são olhados os cereais, que precisa ser planejado e manejado adequadamente. No caso de produtores de leite, esse é o período que mais se verifica a alta nos preços, sendo uma época importante para gerar receita e se preparar para épocas de baixa.
Prudência e planejamento fazem com que o produtor gaste menos e tenha mais eficiência no manejo. Num contexto onde os custos de produção estão altos, é importante que o produtor procure o auxílio da Cooperativa para garantir o sucesso da sua lavoura. A COAMIG dispõe de equipe técnica, consultores internos e externos, produtos de qualidade (fertilizantes, sementes e defensivos) que, somados, auxiliam o produtor do início ao fim.