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A produção de leite brasileira, em especial a do Sul do país, expandiu-se consideravelmente entre os anos de 2000 e 2015, fruto de uma combinação de fatores que envolveu vários fatores:

a) forte crescimento do consumo interno;
b) políticas de proteção às importações;
c) o leite surgindo como atividade cada vez mais relevante como geradora de renda nas propriedades familiares;
d) a profissionalização e o aumento da escala;
e) novas tecnologias disponíveis aos produtores;
f) o melhor conhecimento sobre sistemas de produção vencedores;
g) o tecido social, o perfil dos produtores e a organização (no Sul do país principalmente) e;
h) a melhoria do estoque de capacitação técnica, seja nas empresas de insumos, seja nas empresas de assistência técnica e extensão rural.

O resultado desse processo combinado fez com que o leite tivesse um crescimento acumulado de 2005 a 2015 só inferior à soja, sendo superior a todas as outras proteínas animais, refletindo uma história inequívoca de sucesso. Ainda que não tenhamos os dados atualizados do Censo Agropecuário, cuja versão mais recente data de 12 anos atrás, parece claro que há um processo de aumento de escala e incorporação de tecnologia na produção de leite.

No entanto, o sucesso do passado não é garantia de futuro. De um lado, o custo de oportunidade do trabalho e da terra aumentou consideravelmente nesse período, encarecendo os custos de produção e desafiando a continuidade de muitas propriedades em função das dificuldades de sucessão rural e do próprio custo. De outro lado, a extrema dependência do mercado interno faz com que tenhamos um limite ao aumento de produção dado pelo nosso próprio crescimento econômico (ou sua ausência, como sentimos na pele nos últimos 3 anos).

Também, há ainda muitas falhas de coordenação na cadeia de produção, com assimetria de informação, conflitos entre produtores e indústrias e incertezas a respeito de para onde vamos na atividade.

Fonte: MilkPoint.